Se o mergulhador pensasse sempre no tubarão, nunca conseguiria deitar a mão à pérola.
A caminhada começou algures num passado distante. O caminho revelou-se árduo inúmeras vezes, onde as quedas marcaram momentos, geraram sentimentos e até cicatrizes. Descalço, sozinho, feito eremita o guerreiro continuou a sua caminhada, aos olhos de uns como um "perdido", aos olhos de outros como um "destemido" e aos olhos de si mesmo como um fugitivo de si mesmo.
Perdido, muitas vezes desesperado, confuso e por vezes abandonado; em si mesmo, nos seus medos, nos seus receios, nas suas inseguranças, foi trilhando caminhos temendo sempre o próximo passo, que muitas vezes julgou ser o último antes do abismo.
Porém, aos poucos, a casa passada, um pouco de si se ia perdendo, à medida que a caminhada se tornava mais longa e o ponto de partida cada vez mais distante. Lentamente, mergulhado na confusão que invadia a sua mente foi-se deixando abater, até tocar no fundo. Caiu, chorou, gritou, implorou pela partida para um mundo melhor. Fez-se silêncio. O guerreiro deixou-se tombar e dormiu.
Pela manhã, um raio de sol, um vazio tranquilizante no seio do peito e um olhar distante. O guerreiro levantou-se, combalido, meio curado das feridas, prosseguiu a caminhada; sem destino, sem rumo, sem parar enfrentando o medo, armado sem nada, caminhando de olhos bem-postos no horizonte. Porque há batalhas que se vencem, trilhando caminhos de medo, buscando troféus de nada, enfrentando os medos e os fantasmas que sufocam a nossa liberdade. Há momentos na vida em que enfrentar o medo é o primeiro passo a dar, porque há derrotas mais triunfantes que algumas vitórias...