segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Evolução Vs Perfeição



Há uma diferença entre almejar a excelência e almejar a perfeição. A primeira é atingível, gratificante e saudável. A segunda, inatingível, frustrante e neurótica. E também um tremendo desperdiçador de tempo”. E. Bliss – Getting Things Done.
Para uns considerado uma virtude, para outros um distúrbio neurológico grave que condiciona, marcadamente, o nosso quotidiano.
Parece não existir qualquer tipo de dúvida que as sociedades são hoje dominadas pelo desejo incontrolável da obtenção da perfeição em todas as áreas da vida. Contudo, tal opção tem-se revelado um verdadeiro desastre, uma vez que as relações (a todos os níveis e de todo o tipo) estão hoje mais degradadas que nunca. Porquê? Talvez porque a ambição desmedida de atingir a perfeição tenha retirado a lucidez aos humanos para saberem distinguir o saudável e prioritário, que pressupõe uma evolução sustentada, do inatingível e irracional desejo da perfeição. Dessa forma, a explicação para o fracasso das relações inter e intra-pessoais, que se traduzem em divórcios e suicídios são facilmente explicáveis, recomendando-se moderação na obtenção do reconhecimento global.

6 comentários:

marta disse...

Desculpa...mas não podia deixar de comentar...

Apesar de não almejar a perfeição, mesmo sem querer, acabo por lhe tocar. E isso acontece-me todas as vezes que olho para o ser imperfeito que amo e o vejo como a pessoa mais bonita e perfeita do universo. Acho que é essa a verdadeira Alquimia...o Dom de transformar metal em ouro...intolerância em paciência, amizade pura em amor verdadeiro, dôr e renuncia em alegria e entrega...deve ser esse o conceito de Alquimia...
E o engraçado é que a sensação não é de grandeza nem de superioridade, mas antes uma mistura de Paz , felicidade e harmonia total com o mundo e com a natureza ( não somos o ser superior que está inserido no todo; mas o ser que é apenas uma das partes do todo que constitui o universo, universo este que ainda tem tanto por descobrir!...)

Bj e fica bem,

Marta

Ricardo Veloso disse...

Olá Marta,
Tudo bem?
Obrigado pelo teu comentário.
Concordo que possas, sem querer, tocar a perfeição. Contudo, penso que esse "sem querer" tem origem numa vontade inconsciente da busca do melhor e da insatisfação constante que nos caracteriza enquanto humanos.
Olhar para o ser humano imperfeito que amas e aceitá-lo dessa forma é um acto de amor e, sobretudo, um acto de não discriminação, porque cada um tem o direito de querer levar a vida da forma que quer e que mais lhe convém. Os outros aceitam ou não.
Por fim, sim, de facto, não somos o ser superior todo, mas sim uma parte integrante do todo que é a mais superior.
Bjs

Sónia disse...

Olá Ricardo!
Hoje adquiriste mais uma seguidora para o teu blogger "Diário Dum Pensador". Sou uma privilegiada em pertencer a este teu cantinho de inspiração! Não prolongando muito, vou deixar um breve comentário a esta tua mensagem...
Almejar a excelência significa em desejar uma condição de superioridade no mais alto nível, enquanto almejar a perfeição constitui em ambicionar uma pessoa ideal em que agrega todas as qualidades e não possui nenhum defeito. Contudo ninguém é perfeito! Se existisse alguém perfeito essa pessoa não pareceria pertencer ao nosso mundo… Podemos levar toda vida à procura da perfeição, mas jamais iríamos atingi-la… Porquê? Porque não há nada totalmente perfeito! A perfeição é um estado que não é atingido, mas deve ser absolutamente almejada. Segundo Fernando Pessoa, "Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugná-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é o desumano, porque o humano é imperfeito."

Beijocas!!

Ricardo Veloso disse...

Olá Sónia:-D
Em primeiro de tudo, quero agradecer-te muito por teres aderido ao meu blog. Depois, dizer-te que adorei o teu comentário, que subscrevo na totalidade.
Afinal, tens jeito para comentar:-D
Beijinho

urban.go disse...

Olá Ricardo!
De facto é como dizes, ou seja ... não à bela sem senão!
Um certo cómico (que por aí andou chamado "Esteves", sim o da "bolinha carago", disse uma vez a respeito de uma apresentadora (não vou dizer quem era claro!)num dos seus comentários que uma coisa era ser a "Obra prima do mestre" e outra coisa, a que muitas vezes vemos por aí nas nossas ruas, são "as primas do mestre da obra".
Abraço, vai aparecendo!

Ricardo Veloso disse...

Olá Urban
Tudo bem?
Obrigado pelo teu comentário. De facto, há diferenças assinaláveis e incontornáveis. No entanto, acredito que o nosso rumo é (ou deveria ser) a originalidade. Há tanta cópia que muitas pessoas, tentadas pela motivação de se tornarem originais, se tornam banais (para não dizer outra coisa). O ser humano vai chegar a um ponto em que vai perceber que basta ser...
Abraço