terça-feira, 27 de julho de 2010

Reconstruir

É muito comum as pessoas depressivas afirmarem não terem forças nem capacidades para "dar a volta" à sua situação, deixando-se mergulhar a cada dia em estados depressivos mais profundos. 
Geralmente, as pessoas que estão a vivenciar esse tipo de estados consideram  ter "um comportamento agora deixa muito a desejar para ser considerada alguém com estabilidade emocional a 100 %."
Esta afirmação abre espaço a debate; existirá alguém com estabilidade emocional a 100%? Depois de "bater no fundo", é fácil encontrar auto-motivação para sair do "fundo do poço"?
Para mim, nada melhor que uma grande tragédia para operarmos grandes mudanças na nossa vida, pois aí temos todas as condições para recomeçar e reconstruir, a partir quase do nada, a nossa vida. 
Porque há reconstruções bem mais bonitas que os originais...

14 comentários:

Denise disse...

Olá, Ricardo, bom dia!
Vi a chamada deste post lá no Divã da minha amiga Regina, e vindo ver do que se tratava, descobri - rapidamente, voltarei com tempo - que existem outros que eu compartilho, que me afinizo e tratei de te "perseguir" tb pra não perder essas preciosidades...rs

A blogosfera oferece a oportunidade de, através de amigos, conhecermos outros, todos na mesma sintonia da troca e amizade. Eu acho isso muito legal!

Abração pra vc, até mais!

Ricardo Veloso disse...

Olá Denise, boa tarde.

Tudo bem?

Muito obrigado pela tua visita ao meu blog, que espero que gostes e que continues a comentar.

Beijos

Regina Rozenbaum disse...

Ricardo, amado!
Se me permite, não há nada 100%... Sinto que é preciso fazer uma distinção entre tristeza e depressão (transtorno de humor com várias nuances e gravidade): "quando se bate fundo no poço" precisamos de ajuda! E através dela e do nosso desejo "há construções bem mais bonitas que as originais"! Mesmo que sejam feitas através da dor... A propósito: fiquei muito feliz em ver a Dê por aqui.
Beijuuss n.c.

www.toforatodentro.blogspot.com

Ricardo Veloso disse...

Ola Regina,

Tudo bem?

De facto, por vezes, quando batemos no fundo precisamos de ajuda. Digo por vezes, porque há quem sobreviva às quedas e se "recontrua" a partir de si mesmo. No entanto, posso aceitar que seja mais fácil com ajuda, mas tudo na vida pode ser relativo.
Quanto à visita da sua amiga, é bem vinda, tal como serão todas as outras.

Beijos

Anónimo disse...

Amigo,

Muito bom o teu texto e, que levanta muitas questões.
- "Existirá alguém com estabilidade emocional a 100%?"
Na minha opinião, quem leva uma vida "normal" (com emprego, encargos, relações) diria que pode estar na maior parte das vezes equilibrado. Os que afirmam estar a 100% pode ser uma máscara, ego, ou a situação que estão a travessar seja de águas calmas.
Porque se algo de "dramático" lhes atravessa no caminho (morte de alguém querido, desemprego, falência, etc), e se a pessoa reage com a cabeça erguida, aí sim, podemos afirmar que está num estado a 100%.
- Com ajuda ou sem ajuda?
Como tu próprio já disseste, é muito relativo.
- Reconstruir a partir do nada é uma boa opção, assim se passe aquele estado de inércia e de "vitimização" que inconscientemente passamos. Depois disso surge a força que nos impulsiona a tomar medidas, a traçar objectivos.

Um abraço
Paulo Eduardo Campos

Ricardo Veloso disse...

Olá Paulo,

Eu partilho da tua opinião. Na verdade, muita gente esconde-se atrás dessas capas que falas, enquanto outras preferiam ter "nascido de outra forma", desvalorizando por completo aqui que são e têm. Contudo, como já disse antes, há reconstruções que são espectaculares (como acontece na construção imobiliária). Porém, o grande cerne da questão pode estar no querer fazer, porque poder nós podemos...
Abraço

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Olá caro amigo, pausa para férias?
Este "tema" tal como sabes tem pano para mangas, ele é deveras complicado.
No entanto um dos pontos de vista é obviamente o teu, quando batemos no fundo só há duas coisas a fazer, ficámos lá e esperámos a morte certa, ou tentámos dar a volta e subir. Se o conseguirmos podes crer que ficaremos muito mais fortes, mas ... Ricardo quando estamos lá em baixo ... baixo mesmo, é quase ser preciso ser sobre-natural para conseguir subir de novo, acredita em mim.
Abraço, fica bem.

Ricardo Veloso disse...

Olá Urban,

Não, não estou de férias. Aliás, talvez só em Setembro.
Gostei da tua abordagem do "esperamos a morte certa" ou "tentamos voltar a subir". No fundo, é a diferença entre não reagir e o esboçar uma reacção, mesmo sem garantias de sucesso. Eu pessoalmente sou mais virado para a segunda, mesmo sabendo que podemos não ser bem sucedidos, mas mais vale tentar que ficar embebido na inércia. A morrer que seja de pé, como se costuma dizer.
Por fim, convido-te a fazer uma reflexão: já pensaste bem na força (mental) que alguém pode adquirir, no caso de fazer esse esforço sobrenatural que falas, e ser bem sucedido?

Abraço

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Já Ricardo, já pensei.
Mas a força de que falas, pode também dar origem a sermos mais sós, pois para quebrar as barreiras dos sentimentos, temos de abdicar deles, percebes?

Obs: isto é apenas uma opinião, não é nem deve ser viculativa para ninguém. Aliás respeito muito outras opiniões, já alguém disse: - Cada cabeça ...
Podes tratar-me por Urbano (se quiseres)
Abraço, manda sempre.

Ricardo Veloso disse...

Olá Urbano,

Concordo que ficamos mais "nós", que descobrimos o nosso verdadeiro poder e capacidade e, sendo assim, será justo dizermos que esses momentos são maus?

Abraço

Lígia Brito disse...

Este texto toca me particularmente...talvez porque sinto uma necessidade enorme de mudança...a tal "reconstrução" de vida com mais qualidade.
...

Ricardo Veloso disse...

Olá Ligia,

Por vezes, temos que ter coragem de por tudo para trás das costas e recomeçar a partir do menos zero, para as fundações serem mais fortes.

Beijinho

Susana Cardoso disse...

Este texto tocou-me forte porque feliz ou infelizmente estou a sentir tudo isso na pele...situaçoes do passado que se acumularam no presente e deixaram-me ko...nao fico triste por todo este sofrimento e esta dor na alma...porque sei que estou a passar por uma fase de aprendizagem...tambem ja cometi erros no passado que agora se estão a reflectir...aceito tudo isto como uma lição de vida...e de facto precisei de ajuda porque sozinha nao me conseguiria reerguer...mas agora ja me sinto bem melhor e com a bateria quase toda carregada...porque afinal amo a vida

Ricardo Veloso disse...

Olá Su,

Felizmente aprendemos com as experiências e essa é uma das mais-valias que ninguém nos pode tirar. Afinal, o crescimento implica algum "sacrifício", senão não o valorizamos.

Beijinho